terça-feira, 9 de março de 2010

Ontem, teve lugar na Escola EB 2.3 Dr. João Lúcio, na Fuzeta, uma sessão informativo-científica sobre "Preservação do Litoral", no âmbito do "Dia Aberto ao Ambiente", integrado no projecto Eco-Escolas. Esta iniciativa tinha como lema "Pensar novas dinâmicas de preservação para o litoral" e teve uma prelecção de José Xavier, cientista polar e docente da Universidade de Coimbra, que versou sobre o tema "Efeitos das alterações climáticas na biodiversidade da Antárctica". De seguida teve lugar uma outra explanação de Óscar Ferreira, docente da Universidade do Algarve, sobre "Erosão costeira no Algarve" e uma peça de teatro pelos alunos do 7º A "Conto da Duna Luna".

Todas estas iniciativas são de louvar, mas não podemos ficar pela simples constatação que já demos cabo do ambiente e agora temos de nos resignar às suas consequências. Ou a apelos, mais ou menos compungidos para que os grandes poluentes, com os EUA à cabeça, por sua própria iniciativa deixem de emitir gases poluentes. Este encontro de tanta massa crítica científica, além da denúncia do que se passa a nível mundial, nacional, regional e local, deveria ter servido para apontar caminhos e resoluções práticas, até porque, tendo-se realizado numa escola, seria um bom ponto de partida para melhor sensibilizar e mobilizar toda a comunidade .
A propósito dessa comunidade escolar, a escola Dr. João Lúcio, relembramos que foi construída sobre uma falha sísmica, identificada na Planta de Condicionamentos Especiais do PDM, que no artigo 16º, nº 3 interdita a construção naquela zona de equipamentos colectivos ou edifícios de utilização pública que se destinem à aglomeração de pessoas.
Sem qualquer Plano de Emergência, a CMO, omitiu a todos os utetes daquela escola, o perigo latente. Segundo o Instituto Português de Meteorologia, são registados na região diariamente 3 a 4 sismos, embora de pequena intensidade, mas que por si só deveriam representar um alerta. Em vez de tomar medidas para este aglomerado escolar, pretende demolir a Escola Francisco Fernandes Lopes, que ainda há pouco foi intervencionada, e substituí-la por uma nova, menosprezando assim a segurança dos alunos e trabalhadores daquela escola, o que aliás já não vai admirando nestes autarcas de pacotilha.
Parece-nos que o mais lógico seria a demolição e deslocalização da Escola Dr. João Lúcio, apesar de ser de interesse público, por representar um verdadeiro atentado à segurança de quem ali estuda e trabalha. De maior interesse público será, com certeza, a vida dessas pessoas. Só o Sr. Francisco Leal e sua pandilha não vêem ou não querem ver isto. E não são só eles, na clara violação do PDM, também o Ministério da Educação licenciou este estabelecimento de ensino.
Depois se algo de grave acontecer, vêm dizer que a culpa foi do outro e o outro diz que de nada sabia e ninguém disse nada. Pois desde já aqui fica o aviso. Quem lá trabalha e estuda deve exigir um estudo pormenorizado de estabilidade dos edifícios e a sua deslocalização o mais rápido possível.

segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER TRABALHADORA

No dia 8 de Março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando as instalações da mesma. Reivindicavam a redução do horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas de trabalho, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram encerradas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres acabaram por morrer queimadas.

Deve-se à revolucionária alemã Clara Zetkin (1857-1933) a proposta de criação do Dia Internacional da Mulher. Tal proposta foi por ela apresentada em 1910, na 2ª. Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada na capital da Dinamarca.
A proposta de Clara Zetkin correspondeu à necessidade de dar um forte impulso à luta organizada das operárias, numa época em que a entrada massiva das mulheres no trabalho fabril e o desenvolvimento do movimento comunista conduziram à intensificação da luta das mulheres por melhores condições de trabalho, melhores salários e por direitos sociais e políticos. Consciente da importância decisiva da participação das mulheres trabalhadoras na transformação da sociedade, Clara Zetkin assumiu um papel notável na dinamização e na luta organizada das trabalhadoras e na incorporação das reivindicações específicas das mulheres no seio do movimento comunista internacional.
Por isso, Clara Zetkin nunca deixou de advertir para o seguinte: que a igualdade jurídica e política (direitos pelos quais se bateu!) não seriam condição suficiente necessária naturalmente, para transformar a situação das mulheres trabalhadoras: «A emancipação da mulher, como a de todo o género humano, só se tornará realidade no dia em que o trabalho se emancipar do capital. Só na sociedade socialista as mulheres, como os trabalhadores, tomarão posse plena dos seus direitos».
O Dia Internacional da Mulher tem hoje muito pouco a ver com a sua matriz original, hoje, o 8 de Março assemelha-se mais - no conteúdo e na forma como surge nos meios ditos de comunicação social - a uma espécie de "albergue espanhol", onde as «primeiras-damas», ex-ministras, promoções de perfumes e soutiens "revolucionários", todas juntas se homenageiam e cantam loas a si próprias...
E é para elas - essa outra «metade do céu» que nunca verga! - que reafirmamos que neste dia que é necessário continuar a lutar, Força!
in "Luta Popular" online